sábado, 18 de outubro de 2008

Os problemas do jornalismo


O jornalismo vem passando por alguns problemas um tanto quanto estranhos. Hoje em dia temos tudo ao alcance de um clique, um mundo de Google pra descobrir tudo que se quiser, sobre qualquer coisa.
Seria por isso que existe uma preguiça pairando no ar em todo canto do país em que se faz jornalismo? Tenho a impressão que os jornalistas não querem mais ir atrás da notícia, não querem arredar o pé da redação, querem fazer tudo por email ou por telefone, sem a menor vontade de levantar a bunda da cadeira, sem mesmo sair de frente do computador, sem desconectar um minuto.
O problema é que aí as coisas parecem ser sempre as mesmas, sem novidades, sem criatividade e aí Nelson Motta escreve o seguinte em sua coluna:

"Respostas à procura de perguntas

RIO DE JANEIRO - Nelson Rodrigues imortalizou "a estagiária do calcanhar sujo" como a caricatura da jovem jornalista riponga, esquerdista e ignorante.

Quando uma dessas perguntava a Paulo Francis "como começou a sua carreira?", ele rosnava: "Se depender de mim, a sua acabou agora". E ia embora.

Por que perder seu precioso tempo respondendo o que já foi mil vezes respondido? Por preguiça e incompetência de boa parte dos jornalistas que nossas fábricas de diplomas desovam no mercado?

Como jornalista não-diplomado, nunca fui para uma entrevista sem ler tudo que pudesse sobre o entrevistado. Sem Google. E sempre sabia como começou a carreira dele. Não é justo que artistas importantes deixem de trabalhar para gastar tempo repetindo, ad nauseam, suas biografias de domínio publico.

No lançamento de "Vale tudo - O Som e a Fúria de Tim Maia", como a imensa popularidade do biografado certamente provocaria muito interesse pelo livro, prometi à editora que daria entrevistas a qualquer jornal, revista ou site, de qualquer tamanho, de qualquer cidade. Tudo por e-mail.

Choveram pedidos, foram mais de 100 entrevistas, todas respondidas e publicadas. Sem perder um minuto do meu tempo. Graças ao Personal Respondeitor Digital!

A idéia surgiu quando dei as primeiras entrevistas para "Veja", "O Globo", "Folha", "Estadão" e "Zero Hora".Respondi abundantemente, eles usaram 20% e acumulei um volumoso "dossiê Tim Maia" em um arquivo que chamei carinhosamente de "banco de dados". Foi com esse material que minha brava assistente Lu respondeu, por email, por supuesto, a todas as outras entrevistas, sampleando e remixando minhas respostas. E todos os repórteres ficaram muito satisfeitos. Ninguém reclamou, ninguém notou nada.

Sem bronca: quem faz as mesmas perguntas merece as mesmas respostas. Se surgia uma pergunta diferente, o que era raro, eu mesmo respondia e acrescentava ao arquivo.

O Personal Respondeitor, apesar de atraente oferta das Organizações Tabajara, não será comercializado. Estaremos disponibilizando free para quem está cansado de responder às mesmas perguntas: seus problemas acabaram."

Nelson Motta está mais que certo, tem que ser assim mesmo. Pra que perder tempo quando a coisa parece ser chata e sem graça? Cabe a cada um usar de suas ferramentas pra facilitar a vida e fazer o melhor e mais criativo dos trabalhos: o jornalista que saiba usar o Google e os entrevistados o Personal Respondeitor.

Crédito da foto: Imagem de Nelson numa entrevista que ele deu para O Globo em 1971 sem usar o Personal Respondeitor. Já eu usei o Google pra pegar a imagem no site: http://banco.agenciaoglobo.com.br/Pages/DetalheDaImagem/?idimagem=19933

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