Os problemas do jornalismo
Seria por isso que existe uma preguiça pairando no ar em todo canto do país em que se faz jornalismo? Tenho a impressão que os jornalistas não querem mais ir atrás da notícia, não querem arredar o pé da redação, querem fazer tudo por email ou por telefone, sem a menor vontade de levantar a bunda da cadeira, sem mesmo sair de frente do computador, sem desconectar um minuto.
O problema é que aí as coisas parecem ser sempre as mesmas, sem novidades, sem criatividade e aí Nelson Motta escreve o seguinte em sua coluna:
"Respostas à procura de perguntas
RIO DE JANEIRO - Nelson Rodrigues imortalizou "a estagiária do calcanhar sujo" como a caricatura da jovem jornalista riponga, esquerdista e ignorante.
Quando uma dessas perguntava a Paulo Francis "como começou a sua carreira?", ele rosnava: "Se depender de mim, a sua acabou agora". E ia embora.
Por que perder seu precioso tempo respondendo o que já foi mil vezes respondido? Por preguiça e incompetência de boa parte dos jornalistas que nossas fábricas de diplomas desovam no mercado?
Como jornalista não-diplomado, nunca fui para uma entrevista sem ler tudo que pudesse sobre o entrevistado. Sem Google. E sempre sabia como começou a carreira dele. Não é justo que artistas importantes deixem de trabalhar para gastar tempo repetindo, ad nauseam, suas biografias de domínio publico.
No lançamento de "Vale tudo - O Som e a Fúria de Tim Maia", como a imensa popularidade do biografado certamente provocaria muito interesse pelo livro, prometi à editora que daria entrevistas a qualquer jornal, revista ou site, de qualquer tamanho, de qualquer cidade. Tudo por e-mail.
Choveram pedidos, foram mais de 100 entrevistas, todas respondidas e publicadas. Sem perder um minuto do meu tempo. Graças ao Personal Respondeitor Digital!
A idéia surgiu quando dei as primeiras entrevistas para "Veja", "O Globo", "Folha", "Estadão" e "Zero Hora".Respondi abundantemente, eles usaram 20% e acumulei um volumoso "dossiê Tim Maia" em um arquivo que chamei carinhosamente de "banco de dados". Foi com esse material que minha brava assistente Lu respondeu, por email, por supuesto, a todas as outras entrevistas, sampleando e remixando minhas respostas. E todos os repórteres ficaram muito satisfeitos. Ninguém reclamou, ninguém notou nada.
Sem bronca: quem faz as mesmas perguntas merece as mesmas respostas. Se surgia uma pergunta diferente, o que era raro, eu mesmo respondia e acrescentava ao arquivo.
O Personal Respondeitor, apesar de atraente oferta das Organizações Tabajara, não será comercializado. Estaremos disponibilizando free para quem está cansado de responder às mesmas perguntas: seus problemas acabaram."
Nelson Motta está mais que certo, tem que ser assim mesmo. Pra que perder tempo quando a coisa parece ser chata e sem graça? Cabe a cada um usar de suas ferramentas pra facilitar a vida e fazer o melhor e mais criativo dos trabalhos: o jornalista que saiba usar o Google e os entrevistados o Personal Respondeitor.
Crédito da foto: Imagem de Nelson numa entrevista que ele deu para O Globo em 1971 sem usar o Personal Respondeitor. Já eu usei o Google pra pegar a imagem no site: http://banco.agenciaoglobo.com.br/Pages/DetalheDaImagem/?idimagem=19933
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