E ano retrasado, mais precisamente no dia 15 de dezembro de 2007, a jornalista Elvira Lobato, da Folha de S. Paulo fez uma matéria sensacional sobre a igreja Universal do Reino de Deus. Falando de como se formou o império empresarial por trás da igreja e para fazer funcionar a igreja, nestes trinta anos de existência.
Para quem ainda não viu nada sobre o assunto, vamos a trechos da notícia:
"Em 30 anos de existência, completados em julho, a Igreja Universal do Reino de Deus construiu não apenas um império de radiodifusão, mas um conglomerado de empresarial em torno dela. Além das 23 emissoras de TV e 40 de rádio, o levantamento da Folha identificou 19 empresas registradas em nome de 32 membros da igreja, na maioria bispos.
Entre elas, dois jornais diários - "Hoje em Dia", de Belo Horizonte, e "Correio do Povo", de Porto Alegre -, as gráficas Ediminas e Universal, quatro empresas de participações (que são acionistas de outras empresas), uma agência de turismo, uma imobiliária, uma empresa de seguro saúde."
A matérias segue com o relato de que a Universal tem uma empresa de táxi aéreo em Sorocaba-SP e que todas as empresas seguem um modelo de ações entre os bispos, explica um pouco de como foi a compra de alguns meios de comunicação, como funciona o esquema em que as empresas mudam de nome quando os bispos se envolvem em escândalos políticos.
A matéria, de maneira como o jornalismo tem que ser feito, mostra uma coisa que interessa a sociedade e quem tem que ser mostrada, as pessoas tem que saber que acontece. E a matéria só mostrava como tudo acontecia, nada mais que isso.
Aí a igreja usou de todo seu poder, principalmente de mobilização de seus fiéis para moverem ações contra a Folha de S. Paulo e outros jornais, que publicaram a matéria. E com a força da igreja, para se ter uma idéia, a repórter, teria que comparecer a dezenas de ações judiciais por todo o país. Mais detalhes no editorial da Folha de S. Paulo de 19 de fevereiro de2008, seguem trechos.
Intimidação e má-fé
"Bispos da Igreja Universal do Reino de Deus desencadeiam, contra os jornais "Extra", "O Globo", "A Tarde" e esta Folha, uma campanha movida pelo sectarismo, pela má-fé e por claro intuito de intimidação.
Em dezembro, a Folha publicou reportagem da jornalista Elvira Lobato descrevendo as milionárias atividades do bispo Edir Macedo. Logo surgiram, nos mais diversos lugares do país, ações judiciais movidas por adeptos da Igreja Universal que se diziam ofendidos pelo teor da reportagem.
Na maioria das petições à Justiça, a mesma terminologia, os mesmos argumentos e situações se repetiam numa ladainha postiça. O movimento tinha tudo de orquestrado a partir da cúpula da igreja, inspirando-se mais nos interesses econômicos do seu líder do que no direito legítimo dos fiéis a serem respeitados em suas crenças.
Não contentes em submeter a repórter Elvira Lobato a uma impraticável seqüência de depoimentos nos mais inacessíveis recantos do país, os bispos se valeram da rede de televisão que possuem para expor a pessoa da jornalista, no afã de criar constrangimentos ao exercício de sua atividade profissional".
Aí no prêmio Shell de 2008 a repórter Elvira Lobato levou o prêmio Shell de jornalismo. Foi o primeiro reconhecimento. Agora veio mais um, publicado ontem na Folha de S. Paulo. É que a justiça brasileira considerou improcedente o pedido de indenização da Igreja Universal movido contra a Folha, em específico relacionado com o editorial de fevereiro de 2008. Trecho da matéria de ontem:
"Diante disso, Varellis condenou a igreja a arcar "com o pagamento das custas e despesas processuais desembolsadas pela requerida, devidamente atualizadas, bem como de honorários advocatícios".
Já foram ajuizadas 107 ações de indenização movidas por adeptos da Universal contra a Folha. Todas as 66 sentenças foram favoráveis ao jornal".
Repare no poder da Igreja. Foram 107 indenizações movidas contra o jornal, sendo que as 66 julgadas foram favoráveis ao jornal. E tudo isso para tentar esconder das pessoas o que elas devem saber, esconder delas como funciona a igreja universal, como se constituiram as empresas por trás da igreja.
Mas pense uma coisa. Os fiéis da igreja sabem que isso acontece, sempre souberam, porque eles não são cegos. Mais do que ninguém eles estão vendo o que acontece na igreja Universal. Isso tem que ser ponto pacífico. Se os fiéis sabem e consentem sobre isso, qual o problema de se ter essas empresas por trás da igreja? nenhum.
E se algum fiel passou a ficar sabendo disso através da matéria e resolveu deixar de frequentar a igreja, por exemplo. Bom também, o jornal fez o papel dele para informar o público. Ótimo.
Talvez a única coisa que seria um problema seria a atuação dos políticos em relação a seus escandalos com o governo. Primeiro que político nenhum deveria estar envolvido em escândalos. Ainda mais em se tratando de pastores.
Pensando bem, tirando isso, qua a necessidade de gastar tanta energia com isso?
É, sabemos que a coisa e mais embaixo...
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